Da arte ao espaço: a Bienal como território de encontros

Da arte ao espaço: a Bienal como território de encontros

Desde sua criação em 1951, a Bienal de São Paulo consolidou-se como um dos principais encontros de arte contemporânea no mundo, e sua força vai além das obras apresentadas. O evento acontece desde os anos 1960 no icônico Pavilhão Ciccillo Matarazzo, projetado por Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera, um marco da arquitetura modernista brasileira que se tornou parte essencial da identidade da Bienal. O edifício não é apenas suporte, mas também protagonista, moldando experiências e influenciando a maneira como o público vivencia a arte.

Essa relação entre arte e arquitetura sempre se deu através de instalações e montagens, que responderam às curvas, aos vãos e à monumentalidade do pavilhão, enquanto o próprio edifício foi constantemente ressignificado pela ocupação artística. Ao mesmo tempo, arquitetos absorveram dessa convivência novas perspectivas sobre escala, circulação e convivência, levando adiante conceitos inspirados na dinâmica da Bienal para além do espaço expositivo.

Na edição de 2025, com o tema “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, a arquitetura ganha ainda mais relevância. O Pavilhão, com sua abertura e fluidez, torna-se metáfora para os caminhos múltiplos e não lineares que o curador Bonaventure Soh Bejeng Ndikung propõe: espaços de escuta, negociação e atravessamento. A forma arquitetônica de Niemeyer dialoga diretamente com a ideia de humanidade como prática — um lugar em que o espaço não apenas acolhe, mas sugere modos de viver em comum.

Assim, a 36ª Bienal reafirma que arquitetura e arte não se limitam a funções estéticas, mas são práticas que moldam experiências humanas. Ao transformar o Pavilhão em um território de encontros, a mostra atualiza o legado modernista e projeta novas maneiras de pensar coletivamente o espaço. A Bienal de 2025, portanto, não apenas expõe obras: ela convida o público a habitar a arquitetura como extensão do próprio conceito curatorial.

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